No evangelho de João, capítulo 10 está escrito:
“Eu sou o Bom Pastor; o Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas” . E ainda: “Eu sou o Bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas e das minhas sou conhecido”(1) .
Jesus vinha tendo há alguns dias, debates muito fortes com os mestres da Lei, tanto escribas como Fariseus. Começando no capítulo cinco quando curou o paralítico em Betesda, em um dia de Sábado, passando por seu discurso inflamado onde se declara igual ao Pai e revela a dureza do coração dos judeus e a origem de sua tão grande resistência à sua palavra – o diabo. Tem um novo embate no capítulo oito, quando surpreende a todos com seu pré-conhecimento dos pensamentos daqueles que queriam a condenação da mulher mas não eram perfeitos, e logo depois faz um novo discurso que ofende a ideia farisaica de superioridade espiritual dos descendentes de Abraão. Mas, certamente, o maior contraste nestes textos de João, está em seu relato da cura do cego de nascença.
O capítulo nove começa contando a história de uma ovelha perdida, cega, condenada a viver na escuridão e sustentada por esmolas que conseguia mendigando. Todos os dias pessoas passavam por ele indo ao templo, fazendo compras, saindo para trabalhar. Todos passavam e o viam ali, mas ninguém teve o mesmo olhar de Jesus. Todos viam o mendigo cego. Jesus viu uma ovelha perdida cuja alma gritava por socorro.
Sacerdotes, Fariseus, Saduceus, Helenistas, Herodianos, Zelotes, Levitas... todos viram este homem, mas só Jesus ouviu seu clamor silencioso. Não! Ninguém pecou. Não é um castigo, mas uma oportunidade. Faz o lodo. Unge os olhos do homem. Ele é levado até o tanque de Siloé para lavar-se. Volta a ver. Mas, quem ele realmente quer ver não está mais ali.
Os Mestres judaicos provam mais uma vez que não entendem as palavras da Lei, da qual dizem ser mestres. Provam que o cego vê muito mais que eles. Provam a verdade das palavras de Jesus: “Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem sejam cegos”(2).
O cego encontrou-se com o bom pastor.
O POVO Judeu, neste período da história, está vivendo um total desamparo, pois seus líderes político-religiosos estavam vendidos sob o poder de Roma. O sumo sacerdote nem de longe lembrava a gravidade da chamada ao santo ministério. Caifás era genro de Anás, que lhe antecedeu no sacerdócio, mas, nenhum dos dois tinha qualquer ligação com as famílias sacerdotais dos levitas e chegaram ao cargo por indicação política, visto que Roma destituía e nomeava o Sumo sacerdote conforme o capricho de seus imperadores (3). Não havia uma referência espiritual, pois todos os grupos se organizavam em estrutura de partido e todos queriam uma parte no poder sobre Israel, especialmente sobre Jerusalém.
Fariseus ostentavam a aparência de santidade e impunham pesadas exigências sobre o povo alegando autoridade para interpretar as escrituras. Saduceus lutavam para sobrepor-se aos fariseus e não tinham interesse na queda de Roma, afinal, gostavam do poder (assim como muitos hoje). Os Essênios radicalizaram e separaram-se completamente tanto dos “poderosos da religião” como do próprio povo, vivendo sob regime monástico. Conclusão: o povo estava “cansado e abatido, como ovelhas que não tem pastor” . Eles precisavam de pastores, e não de administradores, ou marketistas, ou animadores, nem de anjos, nem de espetáculos. Só de um Pastor. Um Bom Pastor.
Mas isto não era novidade.
Deus fala a Ezequiel, no capítulo 34, sobre aqueles que presidiam sobre o povo naqueles tempos. O SENHOR os acusa, pois eles eram egoístas (3), maus (4), perversos e negligentes (5). Pastores de si mesmos, engordando com o melhor da ovelhas sem lhe dedicar qualquer cuidado.
Então, no versículo 11 Ele mesmo sai em busca de seu rebanho. O Sumo Pastor vai em busca de suas amadas ovelhas. E no versículo 23 faz uma promessa:
Deus vinha assistindo todos aqueles anos de abandono por parte dos que deveriam cuidar do rebanho, mas estavam preocupados apenas em apascentar a si mesmos, e não mais admitiria isto. Levantaria um Pastor. Um Bom Pastor.
É interessante que é citado Davi como sendo este bom pastor que cuidaria dos rebanhos do Senhor. É evidente que esta é uma alusão direta ao descente mais nobre da linhagem davídica: Jesus de Nazaré. Este é o Sumo Pastor como disse Pedro .
Diante de tudo isto Jesus agora, em meio a uma multidão, declara: EU SOU O BOM PASTOR e todos que vieram antes de mim são ladrões e salteadores. O povo estava perdido entre muitos problemas sociais e espirituais. Viviam em uma nação oprimida pelo poder estrangeiro que não respeitava sua cultura, seus sentimentos, suas memórias, sua religião. Liderados por Herodes, que nada mais era que um fantoche romano, que, ainda pior, tinha como único objetivo se manter no poder e no luxo, independente dos sacrifícios que o povo precisasse fazer para isto. Seus profetas eram comprados, seus sacerdotes: empregados. Não havia quem se importasse. Os essênios radicalizaram em um total isolamento. Os escribas e fariseus pioravam ainda mais as coisas, amentando o sentimento de culpa do povo, eximindo, é claro, a si mesmos de qualquer responsabilidade.
Então surge Jesus – O Bom Pastor. Oferece às suas ovelhas água (Jo. 4.10), alimento (Jo. 6.35), descanso (Mt 11.28-30), segurança (Jo. 14.1-3). Davi descreve o trabalho do Bom Pastor no salmo de número 23:
Guia-me mansamente às águas tranquilas – Provê boa água e carinho;
Refrigera a minha alma – Provê paz;
Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome – Orienta na verdade;
Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e teu cajado me consolam – Inspira confiança e segurança;
Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o mau cálice transborda – Provê alegria em abundância;
Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do SENHOR por longos dias – Provê esperança inabalável.
Certamente o ofício de pastor tem sido desprezado, mutilado e desviado de seu propósito, mas o Sumo Pastor permanece, e todos os demais – verdadeiros ou não, sinceros ou mentirosos – estarão um dia perante Ele para apresentar o rebanho.
Somos ovelhas de um aprisco maior, melhor. Nossa habitação não é aqui.
Temos um que zela por nossas almas e, se alguém aqui que deveria fazê-lo não o faz, não importa; Deus já nos deu um Pastor segundo o Seu coração.
Jesus é o Bom Pastor, que deu a vida por nós, suas ovelhas.
“Eu sou o Bom Pastor; o Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas” . E ainda: “Eu sou o Bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas e das minhas sou conhecido”(1) .
Jesus vinha tendo há alguns dias, debates muito fortes com os mestres da Lei, tanto escribas como Fariseus. Começando no capítulo cinco quando curou o paralítico em Betesda, em um dia de Sábado, passando por seu discurso inflamado onde se declara igual ao Pai e revela a dureza do coração dos judeus e a origem de sua tão grande resistência à sua palavra – o diabo. Tem um novo embate no capítulo oito, quando surpreende a todos com seu pré-conhecimento dos pensamentos daqueles que queriam a condenação da mulher mas não eram perfeitos, e logo depois faz um novo discurso que ofende a ideia farisaica de superioridade espiritual dos descendentes de Abraão. Mas, certamente, o maior contraste nestes textos de João, está em seu relato da cura do cego de nascença.
O capítulo nove começa contando a história de uma ovelha perdida, cega, condenada a viver na escuridão e sustentada por esmolas que conseguia mendigando. Todos os dias pessoas passavam por ele indo ao templo, fazendo compras, saindo para trabalhar. Todos passavam e o viam ali, mas ninguém teve o mesmo olhar de Jesus. Todos viam o mendigo cego. Jesus viu uma ovelha perdida cuja alma gritava por socorro.
Sacerdotes, Fariseus, Saduceus, Helenistas, Herodianos, Zelotes, Levitas... todos viram este homem, mas só Jesus ouviu seu clamor silencioso. Não! Ninguém pecou. Não é um castigo, mas uma oportunidade. Faz o lodo. Unge os olhos do homem. Ele é levado até o tanque de Siloé para lavar-se. Volta a ver. Mas, quem ele realmente quer ver não está mais ali.
Os Mestres judaicos provam mais uma vez que não entendem as palavras da Lei, da qual dizem ser mestres. Provam que o cego vê muito mais que eles. Provam a verdade das palavras de Jesus: “Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem sejam cegos”(2).
O cego encontrou-se com o bom pastor.
O POVO Judeu, neste período da história, está vivendo um total desamparo, pois seus líderes político-religiosos estavam vendidos sob o poder de Roma. O sumo sacerdote nem de longe lembrava a gravidade da chamada ao santo ministério. Caifás era genro de Anás, que lhe antecedeu no sacerdócio, mas, nenhum dos dois tinha qualquer ligação com as famílias sacerdotais dos levitas e chegaram ao cargo por indicação política, visto que Roma destituía e nomeava o Sumo sacerdote conforme o capricho de seus imperadores (3). Não havia uma referência espiritual, pois todos os grupos se organizavam em estrutura de partido e todos queriam uma parte no poder sobre Israel, especialmente sobre Jerusalém.
Fariseus ostentavam a aparência de santidade e impunham pesadas exigências sobre o povo alegando autoridade para interpretar as escrituras. Saduceus lutavam para sobrepor-se aos fariseus e não tinham interesse na queda de Roma, afinal, gostavam do poder (assim como muitos hoje). Os Essênios radicalizaram e separaram-se completamente tanto dos “poderosos da religião” como do próprio povo, vivendo sob regime monástico. Conclusão: o povo estava “cansado e abatido, como ovelhas que não tem pastor” . Eles precisavam de pastores, e não de administradores, ou marketistas, ou animadores, nem de anjos, nem de espetáculos. Só de um Pastor. Um Bom Pastor.
Mas isto não era novidade.
Deus fala a Ezequiel, no capítulo 34, sobre aqueles que presidiam sobre o povo naqueles tempos. O SENHOR os acusa, pois eles eram egoístas (3), maus (4), perversos e negligentes (5). Pastores de si mesmos, engordando com o melhor da ovelhas sem lhe dedicar qualquer cuidado.
Então, no versículo 11 Ele mesmo sai em busca de seu rebanho. O Sumo Pastor vai em busca de suas amadas ovelhas. E no versículo 23 faz uma promessa:
“E levantarei sobre elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é quem há de apascentar; ele lhes servirá de pastor”.
Deus vinha assistindo todos aqueles anos de abandono por parte dos que deveriam cuidar do rebanho, mas estavam preocupados apenas em apascentar a si mesmos, e não mais admitiria isto. Levantaria um Pastor. Um Bom Pastor.
É interessante que é citado Davi como sendo este bom pastor que cuidaria dos rebanhos do Senhor. É evidente que esta é uma alusão direta ao descente mais nobre da linhagem davídica: Jesus de Nazaré. Este é o Sumo Pastor como disse Pedro .
Diante de tudo isto Jesus agora, em meio a uma multidão, declara: EU SOU O BOM PASTOR e todos que vieram antes de mim são ladrões e salteadores. O povo estava perdido entre muitos problemas sociais e espirituais. Viviam em uma nação oprimida pelo poder estrangeiro que não respeitava sua cultura, seus sentimentos, suas memórias, sua religião. Liderados por Herodes, que nada mais era que um fantoche romano, que, ainda pior, tinha como único objetivo se manter no poder e no luxo, independente dos sacrifícios que o povo precisasse fazer para isto. Seus profetas eram comprados, seus sacerdotes: empregados. Não havia quem se importasse. Os essênios radicalizaram em um total isolamento. Os escribas e fariseus pioravam ainda mais as coisas, amentando o sentimento de culpa do povo, eximindo, é claro, a si mesmos de qualquer responsabilidade.
Então surge Jesus – O Bom Pastor. Oferece às suas ovelhas água (Jo. 4.10), alimento (Jo. 6.35), descanso (Mt 11.28-30), segurança (Jo. 14.1-3). Davi descreve o trabalho do Bom Pastor no salmo de número 23:
Deitar-me faz em verdes pastos – Provê alimento de boa qualidade;
Guia-me mansamente às águas tranquilas – Provê boa água e carinho;
Refrigera a minha alma – Provê paz;
Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome – Orienta na verdade;
Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e teu cajado me consolam – Inspira confiança e segurança;
Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o mau cálice transborda – Provê alegria em abundância;
Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do SENHOR por longos dias – Provê esperança inabalável.
Certamente o ofício de pastor tem sido desprezado, mutilado e desviado de seu propósito, mas o Sumo Pastor permanece, e todos os demais – verdadeiros ou não, sinceros ou mentirosos – estarão um dia perante Ele para apresentar o rebanho.
Somos ovelhas de um aprisco maior, melhor. Nossa habitação não é aqui.
Temos um que zela por nossas almas e, se alguém aqui que deveria fazê-lo não o faz, não importa; Deus já nos deu um Pastor segundo o Seu coração.
Jesus é o Bom Pastor, que deu a vida por nós, suas ovelhas.
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[1]
Jo 10.11,14
[2]
Iden 9.39
[3]
Para um estudo mais aprofundado do tema, consultar a Eciclopédia de Bíblia,
Teologia e Filosofia, Ed. Hagnos, nos artigos Anás, Caifás e Sacerdócio.