terça-feira, 13 de abril de 2010

O TIPO DE CRISTIANISMO QUE LEVA AO ATEÍSMO

por James Meira


Norman Geisler, no livro Não Tenho Fé Suficiente para Ser Ateu, fala sobre um professor católico que não cria em Deus. Intrigado, Geisler lhe pergunta como isso seria possível. O professor responde dizendo que para ser católico não é preciso acreditar em Deus, mas apenas cumprir as regras. Aquele homem era ateu, mas vivia como se Deus existisse, isto é, cumpria as regras.
Este é um bom exemplo de como as pessoas conseguem viver um tipo de cristianismo totalmente diferente do que foi ensinado por Cristo. Mas não é o único “bom” exemplo de cristianismo esquisito. Há outro mais comum, oposto àquele, em que as pessoas crêem em Deus, mas vivem como se Ele não existisse. É a chamada fé teórica ou nominal, tão perniciosa quanto a fé “prática” do professor católico-ateu: ambas têm o potencial de conduzir cristãos e não-cristãos à descrença completa em Deus, ao ateísmo.
Os fariseus tornavam seus seguidores filhos do inferno duas vezes, pois só eram judeus da boca pra fora. Interiormente, tinham a natureza de víboras, eram podres, cheiravam mal, por isso a expressão “sepulcros caiados”, usada por Jesus. Eles pregavam tão bem, mas suas vidas não correspondiam às suas palavras.
Naquele tempo, porém, ser ateu não era uma possibilidade levada a sério. Hoje não. Hoje, diante de cristãos que vivem em franca e deliberada oposição às práticas do cristianismo, como se Deus não existisse, algumas pessoas preferem romper com as máscaras religiosas e assumir que, para elas, Deus não existe mesmo. Certa vez Nietzsche disse: “se mais remidos se parecessem os remidos, mais fácil me seria crer no redentor”. Mesmo um ateu crônico como ele admite a importância do testemunho cristão.
Por isso, tão necessário quanto provar racionalmente que nossa fé é verdadeira é vivermos de forma verdadeira a nossa fé. Nossa justiça precisa exceder (em muito) a dos escribas e fariseus. A propósito, foi a um fariseu que Jesus respondeu: “amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, e com todo o teu entendimento.” (Mateus 22.37) A pergunta era de cunho estritamente intelectual – qual o maior mandamento da Lei? –, mas a resposta envolvia vontade, sentimento e razão; envolvia vivência da fé. O fariseu deve ter ficado com vergonha de Jesus.

Fervor Missionário


“Já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas do coração”.  2 Co. 3.2

Falar sobre missões com os Cristãos me parece o mesmo que ensinar as quatro operações matemáticas a alunos universitários. Todos deveriam já ter domínio sobre o assunto, mas há sempre os que insistem em não aprender. Não é raro encontrar em todas as denominações os fervorosos defensores da causa do Reino, aqueles que se envolvem diretamente no embate evangelístico, que se dipoem a sair aos domingos, feriados, ou mesmo no decorrer da semana, percorrendo ruas, trilhas, hospitais. Pessoas que conheceram o Mestre e agora, como Filipe (Jo 1.45), desejam apresenta-lo ao primeiro que encontrarem. Mostrar-lhe a grandeza do tesouro encontrado. Mas, até que ponto o que temos feito realmente proclama o reino de Deus? Seria esse o fervor missionário que tanto se deseja para os últimos tempos?
No que me diz respeito, vejo os olhares dos homens fixados na igreja a perguntarem: “O que vocês tem a nos oferecer?” E a resposta a esta pergunta talvez não seja tão simples como parece. Em seu livro O Jesus que eu nunca conheci (Vida, 2002), Philip Yansey conta a experiência de um amigo que trabalhava com pessoas excluídas, e um dia deparou-se com uma prostituta que estava há algum tempo alugando a filha de dois anos para pedófilos , afim de sustentar seu vício. Quando ouviu esta história, seu amigo lhe questionou o porque de não procurar ajuda, e apontou a igreja como uma dessas possibilidades. Ao que a mulher, espantada, lhe respondeu: “Igreja? Porque eu procuraria uma igreja? Eles me fariam sentir pior do que já estou.”
Afirmamos que a igreja é uma agência do Reino de Deus. Sendo assim ela deve ser o lugar para onde recorrem aqueles que o querem encontrar. Todavia, há um zelo por parte de muitos não na proclamação do evangelho, mas na luta pela afirmação da denominação, ou mesmo da auto firmação no cenário nacional. Falar do evangelho é muito mais que uma causa, é a única causa da existência da igreja. Estamos em uma sociedade que vive tempos de perplexidade, pragmatismo e ausência de padrões. Não seja nunca a igreja uma contribuinte para o aumento desta sensação.
Em tempos assim, como foram também os tempos apostólicos, muito mais que testemunhar com palavras se faz necessário faze-lo com a própria vida. Palavras voam, atitudes ficam. Palavras são levadas pelo vento, exemplos se gravam na consciência como cicatrizes.
É tempo da igreja testemunhar o evangelho, não apenas em palavras, mas em sua vida. E quando eu me refiro á igreja, estou falando dos cristãos, pois somos a igreja do Senhor, o templo do Espírito Santo.