quarta-feira, 8 de abril de 2015

INCONSEQUÊNCIA

Tudo no mundo é regido por leis. Tudo.

Existem leis para todos os ramos de ciências, para todas as religiões, para todas as culturas, para todas as filosofias de vida. E se alguém achar que mendigos, viciados, hippies, andarilhos ou alternativos não tem lei, enganam-se. Sua forma de vida se torna lei para eles.
As leis são estabelecidas a partir de uma cultura ou uma convenção social, de forma que em alguns lugares o que é terminantemente proibido em minha cultura, é aceito sem susto em outra. Mas, existem leis absolutas.
Apesar da massificação da teoria da evolução, é mais do que entendido que, se um felino cruzasse com um canino, nunca nasceria um fenino.
Apesar das falácias heterofóbicas do movimento LGBT, só existem dois gêneros sexuais: Masculino e feminino. É lei. Imutável.
Apesar de toda a evolução científica e tecnológica, a gravidade nunca pode ser anulada. Ela é dominada temporariamente. Um parapente pode flutuar por muito tempo, mas sempre desce. Um avião pode fazer viagens muito longas, mas se um de seus motores falhar, ele descerá imediatamente.
As leis não são estabelecidas por capricho. Elas refletem uma cultura ou uma direção tomada por uma sociedade.
E para que ela serve? Para estabelecer limites. Elas fazem uma divisão entre direitos e obrigações. E, quase sempre, suas proibições levam em conta um fator que tem sido negligenciado, esquecido ou simplesmente ignorado. Mas, algumas vezes, também tem sido desafiado. É a consequência.
Consequência é o resultado de determinado ato, o produto, o fim. É a causa do efeito.
Um bebê, desde muito cedo (talvez ainda no ventre de sua mãe) descobre que certos atos seus desencadeiam respostas diversas de outros. Se ele chora, alguém aparece, ou lhe pega e põe no colo, ou lhe dão comida. Aprende também a ler expressões e decifrar as possíveis consequências. Bateu no rosto da mãe a primeira vez porque não gostou do que ela lhe fez, se ela sorrir, ele saberá que aquele ato poderá ser repetido quando ele bem quiser. Se ela franzir a testa e lhe apontar o dedo com uma cara feia ou até lhe der um tapa, ele saberá que nunca mais poderá fazer aquilo. É errado. E ele está aprendendo regras. Ele está conhecendo LEIS de convivência.
Nosso mundo sempre teve leis bem estabelecidas e que sempre funcionaram do mesmo modo. Mas, o que acontece quando tiramos uma lei? Quando deixamos de obedecer? E, o principal, por que nossa sociedade tem tendenciado tanto a esta anarquia?

Meteorologistas, ambientalistas, cientistas de vários ramos, ONG’s, organizações civis, e pessoas de muita influencia política e social há décadas tem falado das consequências catastróficas que a exploração desordenada nos recursos naturais produziriam em um futuro muito próximo. Ninguém ligava. Pergunte agora aos moradores de São Paulo se eles concordam com aquelas teorias? Pergunte aos moradores de Washington, da Flórida, de New Orleans, se eles concordam agora com todas aquelas teorias absurdas e sem sentido do aquecimento global, do derretimento das calotas glaciais?

As leis não caíram. Os homens é que tendem sempre a ignorá-las.

Filósofos, sociólogos, humanistas, revolucionários e tantos outros, vem há séculos minando toda forma de lei estabelecida por conta de seus próprios desejos de uma vida desregrada, desobediente, e, principalmente, inconsequente.

Quando eu era criança, polícia era herói e ladrão era linchado na rua. Quem fumava maconha era vagabundo, quem roubava tinha vergonha e medo de sair na rua. Prostitutas faziam seus programas em casas específicas, e as músicas eram poemas cantados.

Mas, aí, veio a tal “abertura”. E não só os direitos foram ampliados, os deveres sociais quase desapareceram. Os “intelectuais” que fumavam maconha e arrotavam sabedoria de botequim formaram uma tropa de choque para demolir tudo o que se pudesse conhecer como lei. Eles queriam liberdade pra fumar maconha na rua, dizer palavrões nos filmes, transar com homens ou mulheres, ou os dois, e chamar de arte cinematográfica, e serem reconhecidos como pioneiros.

Conseguiram. Agora crianças são objetos sexuais disputados em leilões; todos são obrigados a ver o que as mulheres, homens e travestis tem a oferecer, porque eles colocam seus produtos expostos nas ruas pra quem quiser e quem não quiser; a maconha é consumida como droga de iniciação, abrindo caminho para a cocaína, o crack, o LSD, e a heroína; o sexo se tornou tão banal, que se pode comprar por dez reais, de crianças miseráveis nos sertões do país.

Pensa que isso abala os senhores da intelectualidade? Pensa que isso mexe com o coração dos filhos do iluminismo tupiniquim? 

Nossa sociedade é absolutamente INCONSEQUENTE!

Mas, a base para todas essas loucuras, e todos os frutos que estamos colhendo é clara: Deus está fora.

A negação explícita ou velada da existência e autoridade de Deus, deu início a todo tipo de anarquia. Como disse Dostoiévsk, em seu livro Irmãos Karamazov, “se Deus não existe, tudo é permitido”. Vamos matar, vamos estuprar, vamos fazer orgias, vamos roubar pobres, vamos tripudiar dos imbecis inocentes, comamos e bebamos, porque amanhã morreremos. Minta e alcance seus objetivos, roube e seja dono de tudo que quiser, engane e seja o primeiro, mate e mantenha seu poder, faça o que quiser pois ninguém vai lhe tomar satisfação. Não há lei! Não há regra! Não há punição! Não há Deus e ninguém pode te ameaçar!

Assim pensam. Assim agem.

Inconsequência é uma palavra legal, porque a gente pode brincar com ela, dividi-la e lhe dar outros sentidos.

Em inglês o prefixo “in” significa dentro, em, em o, no, na. Fazendo um paralelo, poderíamos escrever IN CONSEQUÊNCIA e dizer duas coisas em uma única frase:

A inconsequência dos homens gerou uma catástrofe humana de perdição e loucura como nunca se viu, in consequência de sua absoluta negação e fuga da autoridade de Deus.

O que estamos vendo é o esforço herculano de uma sociedade que teima em negar a existência e interferência de Deus em seus negócios, e que, por isso, colhe frutos amargos numa sucessão de fracassos que a leva a uma desintegração rápida e sem volta.

“Mas o SENHOR está no seu santo templo, cale-se diante dele toda a terra”. Hc 2.20

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Adoração X Triunfalismo

O que cristãos miseráveis podem cantar?
POR CARL TRUEMAN 


Tendo experimentado – e, geralmente, apreciado – cultos de todo o espectro evangelical, dos carismáticos aos reformados – estou falando aqui menos da forma do culto do que do conteúdo. Assim, gostaria de fazer apenas uma observação: os Salmos, o hinário contido na própria Bíblia, tem sido quase inteiramente deixado de lado pela igreja ocidental evangelical contemporânea. Não estou certo do porquê disso, mas tenho um sentido instintivo de que isso tem mais do que pouco a ver com o fato de que uma grande parte do saltério é composta de lamentação, de se sentir triste, infeliz, atormentado e quebrantado.
Na cultura ocidental moderna, essas simplesmente não são emoções que tem muita credibilidade: claro, as pessoas sentem essas coisas, mas admitir que elas são uma parte normal da vida cotidiana é semelhante a admitir um fracasso na atual sociedade de saúde, riqueza e felicidade. E, é claro, se alguém as admite, não se deve aceitá-las ou se responsabilizar por elas: deve-se culpar os pais, processar a empresa em que trabalha, tomar algum remédio ou ir a uma clínica para espantar essas emoções disfuncionais e restaurar a autoimagem.
Veja, ninguém espera que o mundo tenha muito tempo para a fraqueza dos clamores do salmista. É muito perturbador, entretanto, quando esses clamores de lamentação desaparecem da linguagem e da adoração da igreja. Talvez a igreja ocidental sinta que não há necessidade de lamentar – mas isso seria estar tristemente enganada pelo quão saudável ela está em termos de números, influência e maturidade espiritual. Talvez – e isso me parece mais provável – ela tenha bebido tanto das fontes do materialismo ocidental que simplesmente não sabe o que fazer com tais clamores e pensa que eles, na verdade, seriam um tanto quanto embaraçosos. Entretanto, a condição humana é de miséria – e cristãos conscientes do engano do coração humano deveriam entender isso.
Uma dieta ininterrupta de cânticos e hinos alegres inevitavelmente cria um horizonte de expectativas irreais que enxerga a vida cristã ordinária como uma longa festa triunfalista – um cenário teologicamente incorreto e pastoralmente desastroso em um mundo de seres humanos caídos. Será que uma crença inconsciente de que o cristianismo é – ou deveria ser – apenas a respeito de saúde, riqueza e alegria corrompeu o conteúdo da nossa adoração? Poucos cristãos das áreas onde a igreja tem se fortalecido mais nas últimas décadas – China, África, Leste Europeu – considerariam momentos de bem-estar emocional como a experiência cristã normal.
De fato, os retratos bíblicos da vida dos crentes não dão espaço para tal noção. Veja Abraão, José, Davi, Jeremias e os relatos detalhados das experiências dos salmistas. Tanta agonia, tanta lamentação, desespero ocasional – e a própria alegria, quando manifesta – são muito diferentes do triunfalismo efêmero que infectou tanto do nosso cristianismo moderno ocidental. Nos Salmos, Deus deu à igreja uma linguagem que permite que ela se expresse mesmo as mais profundas agonias da alma humana no contexto da adoração. Nossa linguagem contemporânea de adoração reflete o horizonte de expectativas relativas à experiência do crente que o saltério propõe como normativa? Se não, por que não? Será por que os valores confortáveis do consumismo de classe-média ocidental se infiltrou silenciosamente na igreja e nos levou a considerar esse tipo de clamor irrelevante, embaraçoso e sinais de fracasso total?
Certa vez sugeri, em uma reunião de liderança de uma igreja, que os Salmos tivessem uma prioridade maior na adoração evangelical do que eles geralmente têm – e me foi dito em termos não muito suaves por uma pessoa indignada que tal visão demonstrava um coração sem interesse por evangelismo. Pelo contrário, creio que é a exclusão das experiências e expectativas dos salmistas de nossa adoração – e, assim, das nossas expectativas – uma grande responsável pelo aleijamento dos esforços evangelísticos da igreja do ocidente e nos transformou em anões espirituais.
Ao excluir os clamores de solidão, desapontamento e desolação de sua adoração, a igreja efetivamente silenciou e excluiu as vozes daqueles que são solitários, desapontados e desolados, tanto dentro quanto fora da igreja. Ao fazê-lo, ela implicitamente endossou as aspirações banais do consumismo, gerou um cristianismo triunfalista insípido, trivial e irrealista e confirmou suas credenciais impecáveis com um clube para os complacentes.
Recentemente, perguntei a três tipos bem diferentes de audiências evangelicais o que cristãos miseráveis poderiam cantar na igreja. Em cada ocasião, minha questão gerou risadas altas, como se a ideia de um cristão em desespero, de coração partido ou solitário fosse tão absurda que chegaria a ser cômica – mesmo eu tendo feito a pergunta com bastante seriedade. É de se surpreender que o evangelicalismo moderno, desde os carismáticos até os reformados, é praticamente todo um fenômeno confortável de classe média?

Extraído com permissão de http://reforma21.org. Traduzido por Filipe Schulz. Disponível em http://reforma21.org/artigos/o-que-cristaos-miseraveis-podem-cantar.html

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Mente e Espírito de Volta.


Após seis meses afastado do blog, estou retornando.

Pensei em fazer um monte de coisas para marcar este retorno, mas isso seria contrário ao motivo pelo qual estou voltando e por que fiquei tanto tempo fora.

Quem fala do SENHOR, precisa ter muito cuidado. A mídia tem o poder de encantar e fazer florescer no coração do homem um desejo por reconhecimento, glória, fama e sucesso. Eu sou avesso a tudo isso, e, de alguma forma estava me sentindo forçado a escrever para não perder “seguidores”. Ora, a quem eu estava servindo, a Deus ou ao meu ego?

Estou retornando porque sinto que me tornei mais maduro. Sei quando devo escrever e quando devo me calar. Neste período que fiquei em silêncio, por exemplo, aconteceram centenas de coisas que mereciam uma reflexão. Mas eu não queria, e não quero, me manifestar sobre determinada questão só porque está todo mundo falando! Eu vou publicar quando sentir que isso é da vontade de Deus e que posso contribuir para a edificação de outros da família do Senhor. Caso contrário, manterei o silêncio.

Farei que a tua língua se pegue ao teu paladar, ficarás mudo e incapaz de os repreender; porque são casa rebelde. Mas, quando eu falar contigo, darei que fale a tua boca, e lhes dirás: Assim diz o SENHOR Deus: Quem ouvir ouça, e quem deixar de ouvir deixe; porque são casa rebelde. Ez. 3.26,27

Verdade, Mentiras e convenções.

“Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade”. 2Co 13.8



Assisti a um filme a alguns dias atrás em que a frase central era “nada é o que parece”. Então, estou pensando, puxa, nada é o que parece? Tudo é, de certa forma uma mentira? Estou vivendo em uma Matrix? Não há verdade, tudo é ilusório, fantasioso, falso?

Aprendi que toda história tem muitos lados: o lado do que se acha a vítima, o lado do que não se acha culpado, o lado dos que estavam de fora e viram, cada um de seu jeito, mas, existe uma verdadeira, que pode não ser contada por nenhum dos lados. Esse é o ponto.

Existe A VERDADE. Não uma verdade. Não vestígios de verdade, mas A VERDADE. E mesmo que nenhuma das partes aqui citadas na história a conte, ela existe, ela está lá. Um garoto de catorze anos está completamente desfigurado no interior de um carro destruído pelo choque violentíssimo contra um poste de concreto. Ele não pode falar o que aconteceu porque está morto, os transeuntes só concordam que o carro passou em altíssima velocidade, mas um diz que era um homem que dirigia, outros que tinham duas pessoas, outros que havia outro carro perseguindo. Os pais não entendem o que aconteceu, ele não podia pegar o carro. Qual é a verdade?

A verdade é que o jovem queria impressionar seus amigos chegando em uma festa com o carro dos pais, mas, como não tinha autorização, esperou que eles dormissem e saiu silenciosamente. No caminho comprou bebidas em um posto e passou a consumi-las. Uma, duas, cinco, perdeu a conta. A conta e o senso de perigo. Acelerou sem perceber que não teria condições de dominar o carro. Só percebeu isso depois de quase subir em uma calçada, voltar para sua mão, passar reto em uma curva até parar em um poste.

A verdade não admite remendos, desculpas, ajustes, explicações. É apenas verdade.

Mas, vivemos em um sistema de mentiras. Todo mundo mente: Jornalistas, políticos (nem precisava dizer), médicos, professores, padres, pastores, policiais, crianças, idosos, ricos e pobres. Convencionou-se que meia verdade não é mentira, ou que, uma mentira dita para o “bem” é aceitável.

Acontece que agora, quase tudo se tornou aceitável, e não existe uma regra que limite a gravidade ou a inutilidade de uma mentira. Convencionou-se que podemos dizer qualquer coisa, e, se dissermos uma mentira de forma bastante convincente, até nós mesmos acreditaremos nela.

Quando Jesus chamou seus discípulos para uma conversa particular, fez questão de lhes dizer: “Eu sou A VERDADE”. Antes já havia dito: Conhecereis A VERDADE.

Há uma insistência hipócrita por parte de alguns pseudo-intelectuais em definir as escrituras como fábulas, Jesus como mito, Deus como uma idéia, santidade como extremismo. Mas, isso não é de se estranhar. Em um mundo corrompido e perverso que jaz no maligno e aguarda seu juízo tenebroso, difícil seria esperar que aqueles que fazem parte do sistema mundial compreendessem a grandeza das revelações Divinas.

A Verdade é absoluta, e sempre prevalece. Chegará o tempo em que as máscaras cairão, e toda altivez será derrubada.

Ora vem Senhor Jesus.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Montes e Vales. A geografia da fé.


Costuma-se dizer que a vida é cheia de altos e baixos. Um dia você está bem, todos de sua família gozam de plena saúde e prosperidade, seus amigos estão perto e são fiéis, seu trabalho é rentoso, sua vida parece estar no eixo, girando firme e constante. O céu parece tão perto e real!

Em outro momento, porém, as coisas simplesmente desandam. A terra balança debaixo de seus pés, a desestabilidade atinge os principais setores de sua vida: família, trabalho e saúde. Os problemas familiares geram problemas de saúde que geram problemas financeiros (despesas com medicamentos, exames caros, consultas com especialistas...). A solidão é desesperadora. Essa montanha russa não é privilégio de uns, é condição comum a todos.

Mas, poderíamos dizer que isso é reflexo da vida espiritual? Que aqueles que estão em Cristo não sofrem estas oscilações nem estão sujeitos às intemperes?

Ah! Como é bom estar no monte. Estar no monte é estar pleno, alegre, satisfeito, feliz.

Monte projeta a ideia de altura, visão privilegiada, segurança, pureza, adoração.

Nos tempos antigos, as cidades eram construídas em forma de castelos muito fortificados e quase sempre em montes ou montanhas altas. Apesar de serem vistas facilmente, tinham também total visão daqueles que se aproximavam. Muitos templos foram construídos sobre altos montes, na tentativa de estar bem perto das divindades. Ainda hoje é possível conhecer as ruínas dos templos gregos construídos sobre altos montes, ou monastérios budistas construídos em locais muito altos e de difícil acesso. Na antiguidade, tanto os patriarcas como os profetas e todos os povos (servos do Deus vivo ou não), criam que ao subir os mais altos montes, estavam chegando mais perto de Deus. O próprio Deus, ao se revelar aos homens, passou a falar-lhes, em várias ocasiões, nos altos dos montes (Gn. 22.2; Ex. 3.1-4; 19.3,24; 24.1; 34.29; Dt. 34.1). Todavia, nem sempre estar no monte é sinônimo de presença de Deus. Os profetas advertem que, em Israel passou-se a utilizar o costume pagão de plantar bosques nos altos dos montes e lá oferecer sacrifícios aos deuses estranhos (I Rs. 22.44; II Rs. 23.1-14).

Estar no monte é bom, pois lá nos sentimos mais perto Deus. Mas, será que realmente estamos mais perto do Senhor quando estamos no Monte? Nem sempre.

Nos evangelhos sinóticos está a narração da transfiguração de Jesus. Lucas conta que Jesus chamou Pedro, Tiago e João em particular para subirem com ele à um alto monte para ali passarem a noite em oração. Mas, pelo que o evangelista conta, só Jesus estava orando (9.29) enquanto os demais dormiam (9.32). Estavam no monte, na companhia de Jesus, testemunhando uma aparição única em toda a Bíblia (Moisés e Elias), envoltos em uma nuvem celestial e ouvindo, de forma altissonante, a voz de Deus Pai, mas não se deram conta do que estava realmente acontecendo. Dormiam. E como aqueles que dormem, que sofrem de sonolência constante, ou que já estão esgotados, ao despertarem não entendem nada do que está acontecendo.

Estar em destaque é prazeroso. Estar nos altos é sempre confortável. Mas, algumas vezes, precisamos ser levados ao vale, e lá aprender alguma coisa. É interessante observar que, apesar de todas as benesses de se estar no monte, as coisas mais essenciais só são encontradas em abundância nos vales. Os discípulos queriam ficar no monte, mas Jesus os desperta do êxtase, e os traz de volta para baixo. Para os vales. 

Os vales não são tão atraentes porque nos tornam vulneráveis. Os antigos exércitos tinham como uma das principais estratégias fazer emboscadas em vales. Lá não há muitos caminhos, muitas saídas. Ficamos vulneráveis porque quase não é possível ver o que nos cerca, enquanto que podemos ser facilmente avistados. Estar no vale é estar indefeso.

Não gostamos de passar por situações difíceis. Não queremos adoecer. Não nos sentimos em paz desempregados, devendo, sozinhos, rejeitados, em meio à brigas, desavenças, ameaças. Não há quem ache prazer nestas coisas. Não há quem se declare feliz em tais situações. A maioria das pessoas só admite passar por tais momentos, porque entendem que eles são só momentos. Mas quando isso se prolonga, a fé é minada.

Mas, então, porque descer ao vale? O que tem lá? Será que tudo ali é desolação?

Não. De forma alguma.

No vale é onde mais se encontra vida. Nos terrenos mais baixos é onde estão as terras mais férteis e as maiores concentrações de água. Mesmo nos lugares mais secos, é possível cavar em terrenos baixos e encontrar água potável. No vale tem água. No vale tem Alimento.

A alegria, representada pelo “estar no monte”, é uma boa professora. Mas a dor do vale é Phd. Peça a alguém para se lembrar de um dia feliz de sua vida. Certamente ela pensará um pouco e trará alguns, mas sem muitas emoções. Mas, peça à mesma pessoa para lhe dizer qual foi o dia mais triste de sua vida. Ela engolirá seco e mudará a fisionomia ao se lembrar daquilo que lhe causou tal trauma. O dia alegre se apaga com outros iguais ou melhores, mas o dia da dor, nunca é apagado. Apenas administrado.

Não rejeite o vale. Lá tem coisas necessárias ao seu bom crescimento. Lá Deus também fala e se revela (Gn. 32.22-30). Lá sua alma receberá o melhor alimento. Lá você beberá a melhor água. Jó era homem justo e temente a Deus, segundo o próprio Deus. Mas, após o período mais difícil de sua vida ele declara:

- Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem os meus olhos. (Jó 42.5)

Apesar de ficar vulnerável, jamais estará desamparado. Deus é o mesmo; no monte ou no vale.

“Elevo os meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor que fez o céu (alto*) e a terra (baixo*).” Sl 121.1

*acréscimo meu.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Eu, o Pecado e o Outro.

Era uma tarde como tantas outras. Dia quente de verão, pessoas andando e falando em todo lugar. Muitas vozes. Em meio ao burburinho cotidiano, um barulho estranho quebra a rotina. Gritos, xingamentos, acusações, choro, pedidos... Tudo ao mesmo tempo. Em meio à multidão um grupo nervoso e violento arrasta uma figura desdenhada pelas ruas, aos berros:

-Prostituta! Vagabunda!
- Vai morrer! Indecente!
- Pecadora!

Aquela coisa sendo arrastada é uma mulher (ou o que sobrou de uma). Ninguém a defende.

Seus vizinhos estão ali. Calados. Ou pior, acusando. Seus amantes também. E até aqueles que gostariam de ter tido acesso aos seus prazeres, mas não conseguiram por motivos dos mais variados. O Juiz. O Sacerdote. O Levita. O Ancião. Todos queriam ter acesso ao posso de prazer representado por aquela mulher. Se Judá procurou uma mulher como aquela, que dirá sua descendência.

Por pura inveja os “Juízes de Israel”, os homens da sociedade, aqueles que representavam a ordem e os antigos e insubstituíveis preceitos de honra da sociedade judaica, convenceram os demais a arrastar a mulher até Jesus. Não. Eles não queriam uma opinião de alguém a quem julgassem digno de tal. Eles queriam coloca-lo em maus lençóis. Pôr o Mestre em uma situação que só tinha desvantagem para si.

Mas, não quero aqui contar a história mais que repetida nos cultos, pregações, estudos, músicas. Não quero falar da pecadora condenada que encontrou em Jesus sua dupla salvação: a vida imediata e a vida eterna. Gostaria de falar sobre os outros, e depois, sobre o outro.

Os outros a que me refiro são aqueles que estão ao nosso redor. Todos os outros. Paulo, repetindo Isaías diz:

- Porque todos pecaram, e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23).

Todos pecaram. Não há justos. Somos JUSTIFICADOS pela graça de Deus através de Jesus. Qual é a diferença? Ser justo é mérito próprio. Ser justificado é dependência do sacrifício de Cristo.

Todos são diferentes. Não há duas pessoas idênticas no mundo. Em nenhum tempo, jamais, houve duas pessoas idênticas. Duas córneas não são iguais. Duas digitais também não. DNA então, nunca. Mas tem uma coisa que iguala, nivela todos: O pecado. Não adianta sacrifícios, novenas, peregrinações, esmolas, orações, jejuns, correntes, campanhas. Nada apaga o pecado. Nada nos torna justos. A justificação é ação puramente Divina.

Então, o que pensavam aqueles que em meio à multidão acusavam a mulher e carregavam pedras a fim de lhe executar, dando por certo sua condenação? Eram santos? Eram bons? Eram puros? Eu sou? Você é?

Então, diante do fato de que todos somos igualmente pecadores, devemos aceitar naturalmente todo desvio de conduta ou toda atitude desordenada, certo? Errado. Não estou defendendo o pecado, estou tentando mostrar que em um julgamento entre homens, não há superiores. Ser cristão não é estar acima de todos, é estar no meio sem ser igual.

A mulher adultera tinha seu pecado exposto, mas, no meio daquela multidão, haviam muitos pecadores disfarçados. Seus disfarces caíram diante da pedrada que receberam antes de desferir as suas:

- Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra.

Jesus não disse: Ela só será apedrejada se todos estiverem em perfeição. Não. Bastava um. Um só sem pecado. Era uma multidão! Quantos podiam estar ali? 100, 200 pessoas? Ninguém sabe. O que sabemos é que absolutamente todos foram derrubados por uma pedrada certeira de Jesus.

O Senhor disse: Ide e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício (Mt 9.13a).
Amado, o outro é igual a você. O outro peca como você. O outro chora como você. O outro carece da Graça de Deus tanto quanto você.

Então, guarde a pedra para uma coisa mais importante. Use-a em algo mais edificante. Talvez sua pedra caiba certinho naquele buraco da sua casa. Talvez a pedra sirva bem para decorar um jardim. Mas, certamente, não serve para matar o outro. Não adianta. O pecado não morre com pedradas. Se assim fosse, seria necessária uma saraiva mundial, a fim de matar toda a alma vivente.

Tiremos como exemplo o Dilúvio. A Bíblia diz que Deus enviou o Dilúvio sobre a terra para que fosse extinta toda a alma vivente. Todos morreram. Todos menos uma família separada. Noé era homem justo e temente a Deus, e foi separado para dar um reinício à humanidade a partir de uma semente santa. Teoricamente, os dessedentes de Noé eram puros e santos, mas a prática mostrou outra realidade. O pecado não estava nos ímpios que morreram sob as águas, é um câncer arraigado na natureza humana. Toda natureza humana. Todos os humanos.

Olhe para o outro e entenda, ele foi alvo do maior sacrifício já feito na história da humanidade. Ele é alvo da misericórdia de Deus, e deveria ser também da sua. Não repita o exemplo do servo que, depois de ter um alta dívida perdoada, não admitiu que seu companheiro não lhe pagasse um valor irrisório (Mt. 23-35).

Vamos nos aliar para vencer o único mal verdadeiro, que não é o outro, mas o pecado que está tanto nele e em mim, como também em você.

“Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.” Gl 5.17-18.

domingo, 20 de maio de 2012

Inquietações de uma alma simples.


Estou inquieto.

Inquieto como nunca antes. Não consigo me encaixar nessa nova ordem das coisas. Não coaduno com este sistema.

Estou com saudades de um lugar onde nunca estive. Talvez seja o céu.

Pouco me atrai este mundo. Apesar de toda a sua beleza natural (ou o que ainda resta dela), de todos os lugares maravilhosos, de toda prosperidade humana, seus grandes conhecimentos, seus grandes feitos, suas incríveis descobertas... Nada me atrai. Nada parece completo.

Tudo parece tão igual!

Me sinto em um mundo tipo a Universal: Monocromático e uníssono. Como disse Salomão: Não há nada novo debaixo do céu.

Estou inquieto. Inquieto e enojado com a vulgaridade humana. Quanto pior melhor.

A deterioração dessa nossa geração é tão evidente, que mesmo uma pessoa com pouco senso crítico, mas com alguma porção mínima de moralidade se sente enojada, como eu, com as novas metas da sociedade evoluída. E a meta principal parece girar em torno de uma única coisa: Prazer. Principalmente o sexo.

Não o sexo saudável, ápice do amor profundo entre duas pessoas, que sela a união de um homem e uma mulher apaixonados, e que querem viver e conviver juntos, em um pacto eterno de companheirismo e cumplicidade. Não, este tipo de sexo saiu de moda. É feio. É uma afronta à nova estética.

Não sendo deste tipo, toda a forma de sexo é legítima (ou legitimada) e exaustivamente incutida pelos meios de comunicação. Ao mesmo tempo e hipocritamente fazem campanhas e mais campanhas contra a pedofilia e a exploração sexual infantil, mas criam ídolos infantis que agem como adultos. Bandas com músicas (se é que se pode chamar o que eles fazem de música) que exploram a sexualidade são cada vez mais convocadas para programas de grande audiência diurna, quando milhares de crianças estão assistindo e serão discretamente influenciadas a um comportamento liberal no que diz respeito ao sexo. O governo investe fortunas na distribuição de uma cartilha de incentivo a homossexualidade, propõe a colocação de máquinas de camisinha nas escolas, tem uma tendência enorme pró-aborto, e tudo isso escondida atrás de uma placa de saúde pública.
Promiscuidade é palavra extinta.

Faça sexo! Gritam eles. Seja um objeto sexual sem nenhum pudor.

Fale de sexo com seu filho, mas não lhe ensine valores antigos. Apenas lhe incentive a usar camisinha. E se sua filha tiver um namorado, incentive-a a trazê-lo para sua casa, para terem a primeira relação na cama dela (ou na sua, quem sabe). Não fale de virgindade, amor próprio, valor, temor a Deus, pureza. Pureza? Isso é um absurdo nestes tempos.

Não diga a seu filho que ele é homem e deve se comportar como tal. Não diga à sua filha que ela é uma moça e deve se comportar como tal. A nova geração é livre para escolher o que quer ser, mesmo contra a natureza.

Pobre nova geração. Quando acordar, será tarde demais.

Quero ir embora. Quero descer deste trem lotado e confuso. Em um mundo onde animais são protegidos e pessoas jogadas à própria sorte, não vejo razão para continuar a bordo.

Assisti a uma matéria há alguns dias que me deixou pasmo. Um curral velho era observado de longe por dois defensores dos “DIREITOS DOS ANIMAIS”. Quando o proprietário saiu, eles correram até o local e aí começa uma sequência de cenas que não consegui digerir.

Uma mulher chora pelos cavalos magros e mal cuidados. A polícia leva os animais e processa o dono. A polícia multa o homem em R$ 8.000,00. Os cavalos recebem comida, são examinados, medicados, recebem carinho e finalmente são levados para um “paraíso” bancado por um famoso.

E O HOMEM?

Continuou no barraco ao lado da estrada. Sozinho.

Mas isso não importa. Quem liga para um homem velho ao lado da estrada? O importante é que os cavalos estão bem.

Os cavalos encontraram uma pessoa para chorar por eles. Talvez um dia o homem encontre também.

Eu quero descer!

Não quero continuar em mundo onde:

Ser justo é pecado;
Ser hetero é crime;
Ser honesto é idiotice;
Ser cristão é moda;
Ser sóbrio é otarice;
Ser virgem é blasfêmia;
Ser verdadeiro é inadequado;
Respeitar é fraqueza;
Crer é absurdo.

Eu, como E.T. assumido, não me encaixo neste sistema terreno. Sou peregrino. Sou sempre forasteiro.

Falam de paz, mas glorificam a guerra, o terror e a violência nas mídias de massa diariamente.
Os romanos eram bárbaros? Gengis Khan era uma besta selvagem? E nós, o que somos?
Os novos “heróis” são brutamontes de orelhas deformadas que recebem grandes prêmios para espancar o adversário e depois, com olhos quase fechados e sangue por todo corpo se saúdam e se parabenizam como se isso fosse minimizar a violência que protagonizaram. Tudo isso diante de milhões de pessoas em todo o mundo. Uma plateia que em nada se difere dos romanos que assistiam aos combates entre os gladiadores.

Nossa geração caberia direitinho na política Cesariana do “Pão e circo”. Tendo comida e diversão, vão pra onde os poderosos quiserem. Admiram as mansões e se ocupam com a vida privada dos tele ídolos, para não verem (ou se eximirem de responsabilidade) os desmandos dos administradores públicos. São capazes de lembrar os horários da TV, das novelas, mas se esquecem facilmente em quem votaram nas últimas eleições.

Em nosso caso, especificamente, ouvem tudo que dizem que a Bíblia diz, mas, em sua maioria, são incapazes de ler a Palavra e conhecer seus ensinos.

Em um mundo que se dirige rapidamente para o abismo, melhor seria estar fora dele para não sofrer os danos do acidente que se aproxima. Afinal, o que esperar de um trem desgovernado rumo ao abismo?

Pobre humanidade! Tola, confusa e soberba.

Mas, contra todas as possibilidades, ainda creio. Não no homem. Não na capacidade ou bondade humana. Creio que há um Deus no Céu, que por pura misericórdia nos tirará dessa confusão e nos levará ao melhor lugar – Sua presença.

“Eu sei que o meu redentor vive, e que, por fim, se levantará sobre a terra”. Jó 19.25.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Boas Novas ou Novidades?

Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Romanos 1:16



Em nosso tempo a maior preocupação daqueles que trabalham com o mercado é suprir a necessidade de coisas novas todos os dias. O novo atrai público, o público traz dinheiro e o dinheiro é o que move e motiva as empresas de marketing, as indústrias, o comércio e por fim faz girar a ciranda da economia mundial. A novidade é o melhor argumento para convencer o consumidor a trocar o produto que tem em casa em perfeita condição de uso, por entender que ele é obsoleto (mesmo sendo um lançamento com menos de seis meses). A capacidade de criação do homem tem sido levada ao extremo e aqueles que trabalham com criação são pressionados a trazer à realidade algo tão novo quanto revolucionário, e eu já me pergunto se será possível daqui a alguns anos termos algo realmente novo.

As pesquisas ajudam a entender melhor as coisas que já conhecemos ou dar uma visão completamente nova sobre um assunto que achávamos que eram de nosso domínio. O novo sempre vem para substituir ou, no mínimo, repaginar o velho.

Mas, será que tudo que conhecemos precisa ser repaginado? Será que os novos conhecimentos são capazes de mudar tudo que está estabelecido? Até que ponto o novo é bom?

Com a busca enérgica pelo novo, as coisas de ontem parecem tão velhas quanto as de séculos atrás.

Pude notar isso em um documentário que assisti na TV ESCOLA sobre a história da comunicação. Fiquei surpreso em ver o frenesi das pessoas ao conhecerem a mais “moderna” das invenções: O Telégrafo. Grandes potências mundiais correram para dominar aquela tecnologia de ponta. Esforços herculanos foram aplicados para atravessar cabos gigantescos através dos mares, de um lado ao outro dos oceanos. Porque aquela era a maior invenção de todos os tempos. E hoje? Hoje as coisas são tão rapidamente substituídas por outras mais eficientes ou luxuosas que logo são consideradas peças de museu.

E o Evangelho? Será que ele está fadado a se tornar peça de um museu? Por que minha pergunta? Vamos lá.

Desde a criação a questão central da Bíblia é o relacionamento do Deus Todo Poderoso com sua mais querida criação: o homem. Quando a comunhão do homem com Deus é quebrada, entra em cena pela primeira vez na história o pecado. Dai em diante todo esforço Divino é para restabelecer a pureza no homem com o propósito de trazê-lo outra vez à companhia do Pai. O arrependimento e o perdão dos pecados são o assunto principal de toda a Bíblia. Todos os demais assuntos são periféricos ou consequentes destes. A adoração, a santificação, a oferta, os milagres, tudo está relacionado diretamente com o centro da Bíblia: A cruz de Cristo.

Então eu pergunto: Por que este não é mais o assunto principal nas pregações, nos cânticos, nas reuniões oficiais? Por que os pecadores não são mais confrontados com sua situação miserável diante de Deus? Por que a volta de Jesus (independente da linha teológica seguida) não faz mais parte da homilia diária da igreja?

Não sou saudosista (nem tenho idade para isto), mas é obvio que as novidades estão deixando de ser adereços e passando ao status de primordial. Se antes a arte, as luzes, os encontros descontraídos, as reuniões sociais, eram acessórios para um culto voltado à adoração e exaltação do Nome do Senhor, hoje são o assunto principal.

A ordem é deixar os visitantes bem à vontade. Tão à vontade que não se sentem constrangidos a mudarem de vida, a se arrependerem.

O evangelho atrativo, na verdade, não é mais evangelho. É um embuste.

O milagre é o centro. O importante é sair com a benção. O essencial é receber a palavra profética. O objetivo é ter promessa de prosperidade.

Está proibida toda e qualquer citação à morte, pecado, transgressão, arrependimento, condenação, juízo, ira de Deus, fim, salvação, e de maneira alguma deve ser citada a palavra inferno.

Em que estão transformando a obra expiatória de Cristo? Em roteiro de filme para Hollywood? Em uma história coadjuvante a um grande romance baseado na bondade do homem?

Me desculpem, mas se o assunto das igrejas não é mais Cristo e sua obra expiatória, pra que então elas existem? Para servir de pequeno império para homens presunçosos, gananciosos, soberbos? Para facilitar o acúmulo de bens e fortunas sem ser incomodado pela Receita Federal?

Oh raça de víboras! Lobos revestidos de ovelhas! Ladrões de templos! Assassinos de jaleco. Até quando vocês acham que perdurará esta festa de impiedade, mentira, corrupção e ganancia?

Me perdoem meus amados irmãos e amigos que seguem este blog ou que o leem com frequência, mas para tudo tem limite e as coisas que estão sendo expostas pela mídia, as novidades que todos os dias sou obrigado a ver e ouvir nos cultos, palestras, e na rede tem me causado ojeriza. Não conheço este evangelho dos meios de comunicação e dos púlpitos da moda.

Como diz o título de um excelente blog:

- VOLTEMOS AO EVANGELHO!

As Boas Novas ainda são pertinentes. Ou alguém poderia dizer que as palavras do Criador não mais interessam neste século?

Eu creio que a transformação integral do homem, através do Evangelho de Jesus, é a solução para o mundo. Mas só quando ele é pregado de forma íntegra pode mudar as pessoas. A mudança começa no encontro pessoal com Cristo, no arrependimento sincero, no perdão restaurador, na santificação gloriosa e na aquisição da esperança da vida eterna.

E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me. Porque qualquer que quiser salvar a sua vida perde-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida a salvará. Porque, que aproveita ao homem grajear o mundo todo, perdendo-se ou prejudicando-se a si mesmo?
Porque qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na sua glória na do Pai de os santos anjos”.  Lucas  9.23-26

Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães. Romanos 1:30

Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos. 2 Timóteo 3:2

Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus. 2 Timóteo 3:4 

Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros. Gálatas 5:26 

 * Para quem talvez não tenha entendido o porque da imagem de um eclipse, eu explico. Todas estas novidades, inovações, tentativas de tornar a palavra mais "atraente" são um mero eclipse. A lua, por um momento pode até tentar impedir que a luz do sol chegue aos homens, mas é inútil pois no fim, o Sol voltará a brilhar com tanta força quanto antes e ofuscará os olhos daqueles que amaram as trevas.