quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Adoração X Triunfalismo

O que cristãos miseráveis podem cantar?
POR CARL TRUEMAN 


Tendo experimentado – e, geralmente, apreciado – cultos de todo o espectro evangelical, dos carismáticos aos reformados – estou falando aqui menos da forma do culto do que do conteúdo. Assim, gostaria de fazer apenas uma observação: os Salmos, o hinário contido na própria Bíblia, tem sido quase inteiramente deixado de lado pela igreja ocidental evangelical contemporânea. Não estou certo do porquê disso, mas tenho um sentido instintivo de que isso tem mais do que pouco a ver com o fato de que uma grande parte do saltério é composta de lamentação, de se sentir triste, infeliz, atormentado e quebrantado.
Na cultura ocidental moderna, essas simplesmente não são emoções que tem muita credibilidade: claro, as pessoas sentem essas coisas, mas admitir que elas são uma parte normal da vida cotidiana é semelhante a admitir um fracasso na atual sociedade de saúde, riqueza e felicidade. E, é claro, se alguém as admite, não se deve aceitá-las ou se responsabilizar por elas: deve-se culpar os pais, processar a empresa em que trabalha, tomar algum remédio ou ir a uma clínica para espantar essas emoções disfuncionais e restaurar a autoimagem.
Veja, ninguém espera que o mundo tenha muito tempo para a fraqueza dos clamores do salmista. É muito perturbador, entretanto, quando esses clamores de lamentação desaparecem da linguagem e da adoração da igreja. Talvez a igreja ocidental sinta que não há necessidade de lamentar – mas isso seria estar tristemente enganada pelo quão saudável ela está em termos de números, influência e maturidade espiritual. Talvez – e isso me parece mais provável – ela tenha bebido tanto das fontes do materialismo ocidental que simplesmente não sabe o que fazer com tais clamores e pensa que eles, na verdade, seriam um tanto quanto embaraçosos. Entretanto, a condição humana é de miséria – e cristãos conscientes do engano do coração humano deveriam entender isso.
Uma dieta ininterrupta de cânticos e hinos alegres inevitavelmente cria um horizonte de expectativas irreais que enxerga a vida cristã ordinária como uma longa festa triunfalista – um cenário teologicamente incorreto e pastoralmente desastroso em um mundo de seres humanos caídos. Será que uma crença inconsciente de que o cristianismo é – ou deveria ser – apenas a respeito de saúde, riqueza e alegria corrompeu o conteúdo da nossa adoração? Poucos cristãos das áreas onde a igreja tem se fortalecido mais nas últimas décadas – China, África, Leste Europeu – considerariam momentos de bem-estar emocional como a experiência cristã normal.
De fato, os retratos bíblicos da vida dos crentes não dão espaço para tal noção. Veja Abraão, José, Davi, Jeremias e os relatos detalhados das experiências dos salmistas. Tanta agonia, tanta lamentação, desespero ocasional – e a própria alegria, quando manifesta – são muito diferentes do triunfalismo efêmero que infectou tanto do nosso cristianismo moderno ocidental. Nos Salmos, Deus deu à igreja uma linguagem que permite que ela se expresse mesmo as mais profundas agonias da alma humana no contexto da adoração. Nossa linguagem contemporânea de adoração reflete o horizonte de expectativas relativas à experiência do crente que o saltério propõe como normativa? Se não, por que não? Será por que os valores confortáveis do consumismo de classe-média ocidental se infiltrou silenciosamente na igreja e nos levou a considerar esse tipo de clamor irrelevante, embaraçoso e sinais de fracasso total?
Certa vez sugeri, em uma reunião de liderança de uma igreja, que os Salmos tivessem uma prioridade maior na adoração evangelical do que eles geralmente têm – e me foi dito em termos não muito suaves por uma pessoa indignada que tal visão demonstrava um coração sem interesse por evangelismo. Pelo contrário, creio que é a exclusão das experiências e expectativas dos salmistas de nossa adoração – e, assim, das nossas expectativas – uma grande responsável pelo aleijamento dos esforços evangelísticos da igreja do ocidente e nos transformou em anões espirituais.
Ao excluir os clamores de solidão, desapontamento e desolação de sua adoração, a igreja efetivamente silenciou e excluiu as vozes daqueles que são solitários, desapontados e desolados, tanto dentro quanto fora da igreja. Ao fazê-lo, ela implicitamente endossou as aspirações banais do consumismo, gerou um cristianismo triunfalista insípido, trivial e irrealista e confirmou suas credenciais impecáveis com um clube para os complacentes.
Recentemente, perguntei a três tipos bem diferentes de audiências evangelicais o que cristãos miseráveis poderiam cantar na igreja. Em cada ocasião, minha questão gerou risadas altas, como se a ideia de um cristão em desespero, de coração partido ou solitário fosse tão absurda que chegaria a ser cômica – mesmo eu tendo feito a pergunta com bastante seriedade. É de se surpreender que o evangelicalismo moderno, desde os carismáticos até os reformados, é praticamente todo um fenômeno confortável de classe média?

Extraído com permissão de http://reforma21.org. Traduzido por Filipe Schulz. Disponível em http://reforma21.org/artigos/o-que-cristaos-miseraveis-podem-cantar.html

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Mente e Espírito de Volta.


Após seis meses afastado do blog, estou retornando.

Pensei em fazer um monte de coisas para marcar este retorno, mas isso seria contrário ao motivo pelo qual estou voltando e por que fiquei tanto tempo fora.

Quem fala do SENHOR, precisa ter muito cuidado. A mídia tem o poder de encantar e fazer florescer no coração do homem um desejo por reconhecimento, glória, fama e sucesso. Eu sou avesso a tudo isso, e, de alguma forma estava me sentindo forçado a escrever para não perder “seguidores”. Ora, a quem eu estava servindo, a Deus ou ao meu ego?

Estou retornando porque sinto que me tornei mais maduro. Sei quando devo escrever e quando devo me calar. Neste período que fiquei em silêncio, por exemplo, aconteceram centenas de coisas que mereciam uma reflexão. Mas eu não queria, e não quero, me manifestar sobre determinada questão só porque está todo mundo falando! Eu vou publicar quando sentir que isso é da vontade de Deus e que posso contribuir para a edificação de outros da família do Senhor. Caso contrário, manterei o silêncio.

Farei que a tua língua se pegue ao teu paladar, ficarás mudo e incapaz de os repreender; porque são casa rebelde. Mas, quando eu falar contigo, darei que fale a tua boca, e lhes dirás: Assim diz o SENHOR Deus: Quem ouvir ouça, e quem deixar de ouvir deixe; porque são casa rebelde. Ez. 3.26,27

Verdade, Mentiras e convenções.

“Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade”. 2Co 13.8



Assisti a um filme a alguns dias atrás em que a frase central era “nada é o que parece”. Então, estou pensando, puxa, nada é o que parece? Tudo é, de certa forma uma mentira? Estou vivendo em uma Matrix? Não há verdade, tudo é ilusório, fantasioso, falso?

Aprendi que toda história tem muitos lados: o lado do que se acha a vítima, o lado do que não se acha culpado, o lado dos que estavam de fora e viram, cada um de seu jeito, mas, existe uma verdadeira, que pode não ser contada por nenhum dos lados. Esse é o ponto.

Existe A VERDADE. Não uma verdade. Não vestígios de verdade, mas A VERDADE. E mesmo que nenhuma das partes aqui citadas na história a conte, ela existe, ela está lá. Um garoto de catorze anos está completamente desfigurado no interior de um carro destruído pelo choque violentíssimo contra um poste de concreto. Ele não pode falar o que aconteceu porque está morto, os transeuntes só concordam que o carro passou em altíssima velocidade, mas um diz que era um homem que dirigia, outros que tinham duas pessoas, outros que havia outro carro perseguindo. Os pais não entendem o que aconteceu, ele não podia pegar o carro. Qual é a verdade?

A verdade é que o jovem queria impressionar seus amigos chegando em uma festa com o carro dos pais, mas, como não tinha autorização, esperou que eles dormissem e saiu silenciosamente. No caminho comprou bebidas em um posto e passou a consumi-las. Uma, duas, cinco, perdeu a conta. A conta e o senso de perigo. Acelerou sem perceber que não teria condições de dominar o carro. Só percebeu isso depois de quase subir em uma calçada, voltar para sua mão, passar reto em uma curva até parar em um poste.

A verdade não admite remendos, desculpas, ajustes, explicações. É apenas verdade.

Mas, vivemos em um sistema de mentiras. Todo mundo mente: Jornalistas, políticos (nem precisava dizer), médicos, professores, padres, pastores, policiais, crianças, idosos, ricos e pobres. Convencionou-se que meia verdade não é mentira, ou que, uma mentira dita para o “bem” é aceitável.

Acontece que agora, quase tudo se tornou aceitável, e não existe uma regra que limite a gravidade ou a inutilidade de uma mentira. Convencionou-se que podemos dizer qualquer coisa, e, se dissermos uma mentira de forma bastante convincente, até nós mesmos acreditaremos nela.

Quando Jesus chamou seus discípulos para uma conversa particular, fez questão de lhes dizer: “Eu sou A VERDADE”. Antes já havia dito: Conhecereis A VERDADE.

Há uma insistência hipócrita por parte de alguns pseudo-intelectuais em definir as escrituras como fábulas, Jesus como mito, Deus como uma idéia, santidade como extremismo. Mas, isso não é de se estranhar. Em um mundo corrompido e perverso que jaz no maligno e aguarda seu juízo tenebroso, difícil seria esperar que aqueles que fazem parte do sistema mundial compreendessem a grandeza das revelações Divinas.

A Verdade é absoluta, e sempre prevalece. Chegará o tempo em que as máscaras cairão, e toda altivez será derrubada.

Ora vem Senhor Jesus.