sexta-feira, 16 de julho de 2010

Uma exposição da doutrina da graça

O apóstolo Paulo, através do capítulo 2 de Efésios, esboça, de forma inspiradora, a triste situação espiritual de todos os seres humanos e o grande plano salvífico elaborado pelo Deus Trino desde os tempos eternos.
O apóstolo da graça argumenta, em Efésios 2.1-3, que: em primeiro lugar, a humanidade está morta espiritualmente (estando vós mortos nos vossos delitos e pecados), ou seja, alheia à comunhão com Deus, destituídos da sua glória (Rm. 3.23), inimigos d’Ele (Rm. 5.10); Em segundo lugar, o ser humano sem Cristo encontra-se escravizado por forças opressoras, tanto internas como externas. Por fora está “o curso deste mundo”, a cultura secular prevalecente; por dentro estava “as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos”, nossa natureza caída, profundamente ligada ao egocentrismo e além desses dois, operando ativamente através destas influências, “o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência”, que é o diabo, o príncipe das trevas, que nos mantinha em cativeiro. E por último estávamos condenados, pois “éramos, por natureza, filhos da ira”. A humanidade caída e transgressora dos princípios divinos é considerada culpada e suscetível à ira de Deus como penalidade dos seus próprios atos.

Mas, o apóstolo dos gentios não termina seu argumento nesses termos, ele informa à igreja sobre algo que Deus planejou desde a eternidade. O apóstolo explica o que foi que Deus fez, em Cristo, e depois diz o motivo que levou Deus a salvar o homem.

“O que foi que Deus fez?” – pergunta o apóstolo. Paulo diz que Deus fez três coisas. Primeiro Deus nos deu vida, “Mas Deus [...] nos deu vida juntamente com Cristo” (2.4,5). Em segundo lugar nos ressuscitou, “e, juntamente com ele, nos ressuscitou” (2.6a). E por último, nos exaltou “... e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (2.6b).

Outra pergunta pode ser levantada sobre o argumento apostólico: Por que Deus fez tudo isso, qual foi o motivo que levou o Senhor a realizar essa transformação magnífica no ser humano? O apóstolo relaciona quatro motivos que fez com que Deus agisse como agiu. Primeiro lugar, a sua misericórdia, “Deus sendo rico em misericórdia” (2.4a); Em segundo lugar o seu amor, “... por causa do seu grande amor com que nos amou” (2.4b); O terceiro motivo foi a sua graça, “pela graça sois salvos” (2.5,8) e a última razão de Deus nos salvar é a sua bondade, “... em bondade para conosco, em Cristo Jesus” (2.7b).
Então, Paulo termina seu argumento escrevendo: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (2.10).

Comentando essa primeira parte do versículo o escritor John Stott ressalta: “A salvação é a criação, a nova criação. E a linguagem da criação é uma contradição a não ser que haja um Criador.” Na cruz Deus estava realizando um novo “genesis”, um novo começo, uma nova criação, um novo nascimento, nosso parentesco com “Adão” finalizou-se quando nos unimos pela fé a Cristo. A palavra “feitura” (grego poiema) significa “poema”, “arte”; os cristãos são como “telas de quadro”, onde Cristo é o “pincel” e o Pai o artista por excelência, por meio de Jesus, o Pai vai realizando sua magnífica obra de arte, a qual somos nós! E Deus fez tudo isso, diz o apóstolo, com um objetivo, “para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas. A evidência que somos novas criaturas está no fato de nós desenvolvermos o caráter de Cristo em nossas vidas, sua ética, sua moral, seus princípios e valores. Permitir que o Espírito Santo imprima em nós as virtudes do fruto d’Ele e nos leve a cada dia a refletirmos o caráter de Cristo em nossas vidas. 

Esse é o nosso desejo e a nossa oração a Deus por todos nós. Amém!

Por Daniel Novais, Dirigente da Congregação Batista Betel.