quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Mais que pena. Atitude.


No livro de Neemias no capítulo primeiro, a Bíblia fala da reação daquele homem ao ouvir dizer que seus compatriotas viviam em estado deplorável. Hanani, que estava entre os judeus que escaparam da deportação para a Babilônia, lhe trouxe notícias terríveis, de como o povo estava em profunda miséria, vivendo em uma cidade em ruínas, correndo todo tipo de riscos, visto que até as portas foram queimas.

Neemias, que apesar de ser um escravo do rei Artaxerxes, vive no palácio, goza da segurança, luxo e fartura que ali existe, se sente comovido com tais palavras e inicia um período de jejum, oração e súplica. Confessa os pecados seus e do povo judeu, e se entrega a uma busca por resposta Divina.

A primeira coisa que aqui fica claro é que para Neemias, aquela não era só mais uma notícia a respeito de um lugar distante. Sua reação não foi agradecer a Deus por não estar mais ali, antes, sentiu a dor de seus irmãos.

A comodidade cega. O conforto cauteriza.

Ouvimos notícias como as que estão todos os dias nas diversas mídias, tipo:

- Mãe acorrenta filho viciado em craque na tentativa de protegê-lo de traficantes.
- Pai desesperado diz que matou o filho durante uma crise de abstinência.
- Deslizamento de terra mata dezenas de pessoas em Ilha Grande.

Mas, tudo isso é só um noticiário. Agente desliga a televisão e junto com ela a consciência é desativada. Nada nos toca. Até o dia em que a tragédia bate à nossa porta.

Alguém pode argumentar que Neemias, de uma forma ou de outra, acabaria tendo que voltar para sua terra e por isso estava preocupado com o estado em que ela estava. Acontece que ele escolhe voltar no período em que as coisas estão em pior situação, e, quando finalmente melhora, seu nome não é contado entre os que voltaram para Jerusalém.

Neste primeiro momento de reflexão, na primeira parte deste texto, gostaria de fixar este ponto: Não basta se comover. É preciso tomar atitudes práticas.

Uma religiosidade que não passa pela compaixão é tão incoerente quanto uma compaixão exercitada em troca de fama e reconhecimento. Ambas são nulas.

Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício. Porque eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento. (Mt. 9.13 – Jesus cita Os. 6.6)

Um comentário:

  1. Muito bem colocado meu caro irmão. Às vezes fazemos o contrário do que recomenda o Livro Sagrado, somos ligeiros em falar e tardios ao ouvir ou praticar (quando o ideal seria o contrário). Professamos um cristianismo firmado no amor e, praticamos um cristianismo olhando para o nosso próprio umbigo. Contudo, complemento à esta postagem o que pra mim, seria o outro lado da moeda, visto que além de não termos atitudes práticas, os homens hodiernos numa mente convencida pelo "moneycentrismo" (dinheiro centro de tudo) erguem seus "palácios" em lugares não recomendáveis, visando tão somente o lucro, prevendo que algo trágico jamais poderia acontecer. Digo palácios, porque esse foi o diferencial dos desabamentos ocorridos em Angra (RJ): verdadeiras mansões vinheram abaixo, não casabres ou edificações paupérrimas.

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